Maria Maya: "Não tive receio de ficar marcada como a filha do Wolf"

A atriz fala sobre a carreira e explica o que a levou a recusar convite para posar nua

Maria Maya não se incomoda em conciliar TV e teatro. Além de interpretar a Raíssa da novela "Aquele Beijo", que chega ao fim sexta-feira (13), ela se dedica ao espetáculo "Obtuário Ideal", o qual produz e atua ao lado do diretor, Rodrigo Nogueira. "Quanto mais trabalho você tem, mais chance tem de trabalhar mais", diz a atriz.

Sentada no sofá do cenário da peça minutos antes de sua segunda apresentação no Festival de Teatro de Curitiba, a atriz conversou com QUEM sobre a vida e a carreira. No bate-papo, Maria conta que já recebeu convites para posar nua, enumera seus padrinhos na carreira e diz que não sentiu o peso de vir de uma família de famosos - ela é sobrinha-neta de Chico Anysio, filha de Wolf Maya e Cininha de Paula e prima de Marcos Palmeira e Bruno Mazzeo. "Não tive receio de ficar marcada como 'a filha do Wolf' porque isso é abandonado a partir do momento que você demonstra seu trabalho". Leia a entrevista:

QUEM: Você vem de uma família de artistas. Isso pesou na sua escolha por essa profissão?
MARIA MAYA: Sim, eu nasci nessa carreira, acompanhando a trajetória deles. E acho bacana cada um ter a sua vertente, desenvolver seu gosto, a sua história. Isso é muito gratificante.

QUEM: Em casa vocês conversam sobre trabalho?
MM: Não tem muito essa coisa de casa, moro sozinha desde os 17 anos. Cozinho, arrumo a casa, só não lavo roupa ainda porque levo para a casa da minha mãe, para poder visitá-la de vez em quando (risos). Todo mundo trabalha demais e ficamos meses sem nos ver. Mas quando nos encontramos cada um fala de seu projeto, de sua realização, vamos dividindo, compartilhando sim.

QUEM: Chegou a ter medo de ser rotulada como "filha do Wolf Maya"?
MM: Não tive receio de ficar marcada como filha do Wolf, porque isso é abandonado a partir do momento que você demonstra seu trabalho. Na TV, que é um veículo super cruel, é muito fácil chegar, o dificil é sustentar. Se você não apresenta um bom trabalho, imediatamente é substituído por outro. Ter feito 10 novelas e minisséries até hoje já prova que conquistei um espaço meu. E no teatro também estou tendo uma trajetória paralela, produzindo meus espetáculos, que é um caminho diferente do deles. Isso acaba mostrando para todo mundo que eu também tenho um caminho próprio.

QUEM: Quem são seus padrinhos na carreira?
MM: Tenho tantos padrinhos! Chico Anysio é o de batismo, junto com a Nathália Timberg. O Miguel Falabella é meu padrinho em TV, com personagens que me deu. Fernando Eiras, um grande ator, é meu padrinho porque me deu esse nome, minha 'galharufa', que é um ato simbólico que a gente tem quando vai estrear um trabalho no teatro, como se fosse um mérito por sua formação por estar em cena. Você tem que ir atrás de uma pessoa para pedir sua galharufa, eu pedi isso pra ele e também meu nome artístico, quando eu tinha 13 anos. São muitos padrinhos, é muita gente. Pessoas que você admira e que contribuem para sua carreira profissionalmente. Tenho que dizer que meu pai é um grande padrinho também, porque é um cara que me ensinou tudo o que eu sei sobre arte, televisão e teatro, que sempre incentivou minha formação - sou formada pela UniRio. Diogo Vilela está sendo de uma grande generosidade em cena, me ensinando para caramba também.

Maria Maya e Rodrigo Nogueira na peça "Obtuário Ideal"

QUEM: Essa é sua segunda novela do Miguel Falabella. Já fez alguma peça dele?
MM: Ainda não tive o prazer de fazer algo do Falabella no teatro, mas ele é um padrinho na minha carreira, m cara que eu admiro muito e que também me admira, me dá grandes oportunidades. A minha primeira grande oportunidade foi com ele em "Salsa e Merengue" (1996, na qual interpretava Kelly Bola). Tenho muito orgulho de ter feito, foi quando comecei a me dar conta do veículo, do que era estar em cena, fazer humor, comédia. Rir cura tudo, é fundamental.

QUEM: Seu ex-marido, Ernani Moraes, também está em "Aquele Beijo". Como é a relação de vocês?
MM: É ótima. Infelizmente a gente não contracena mais, porque nada melhor que você ter intimidade com quem contracena. E eu estou muito feliz por ele, que é um grande ator e merece todo o destaque.

QUEM: Como faz para conciliar novela e teatro?
MM: Quanto mais trabalho você tem, mais chance tem de trabalhar mais. É como o músculo: quanto mais você vai exercitando ele, mas vai fazendo exercício sem tanto esforço. Além de atriz, sou produtora também, fizemos três temporadas de "Obtuário Ideal" no Rio. Conciliar televisão e teatro aconteceu em quase todas as novelas que trabalhei: fiz (a peça) "Play" junto com "Caminho das Índias" (2009), fiz (o espetáculo) "Não existem" junto com "Cobras e Lagartos" (2006), agora essa junto com 'Aquele Beijo'. Que venham mais novelas, que venham mais peças, pois acho que é super possível conciliar tudo.

QUEM: Você já declarou ser "viciada em farmácia". Como assim?
MM: Eu falei isso? Meu Deus, a gente fala cada coisa... Na verdade, tenho a farmácia como uma casa de entertainment, porque eu adoro entrar e ver todos os produtos que estão sendo lançados. Agora, com relação a medicação, não sou hipocondríaca, porque eu tenho alergia a quase 60% dos medicamentos. Felizmente não posso ter esse mesmo olhar para medicação. Mas um cremezinho eu adoro!

QUEM: Recebeu propostas para posar nua?
MM: Já recebi, quando fazia a passista (Regininha) em "Senhora do Destino" (2004). Mas nunca pensei em fazer esse tipo de trabalho artístico.

QUEM: Você está com 30 anos. Teve crise dos 30?
MM: Tenho crise desde que eu nasci, né? (risos). Sou uma canceriana nata, vivo pelas emoções, eu sinto. Óbvio que 30 anos é um momento fundamental na vida de uma pessoa, de ressignificação das coisas, uma movimentação bacana.Fico feliz de viver esse momento junto com o amadurecimento artístico.

QUEM: Pensa em ser mãe?
MM: Com certeza. Hoje em dia minha geração tem uma tendência de pensar isso para daqui a um tempo. Mas é o desejo de toda mulher, ainda mais um canceriana super familia como eu. Não tenho o número de filhos que pretendo ter, o que vier vai ser amado.

QUEM: Quais seus planos para depois da novela?
MM: Faremos 'Obtuário Ideal' em agosto nas unidades do Sesi do interior do Rio de Janeiro. E em junho estreio no Teatro Tonia Carrero, no Leblon (zona Sul do Rio de Janeiro) a peça 'Pop Corn', que eu também produzo, de um texto do João Bilac.

Postado por Daiane Rodrigues

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