Popcorn – Qualquer Semelhança Não é Mera Coincidência

Escrita por Jô Bilac, a peça conta a história de Marcia, uma dona de casa que, mesmo sem experiência literária, escreve um best-seller e é indicada a um prêmio na Noruega. A trama, desenvolvida em fragmentos, se dá em torno de um jantar em comemoração ao sucesso da nova escritora. Estão presentes Otávio, o pai da autora; Marcos, um professor universitário; e Roni, a espalhafatosa esposa dele. A tranquilidade do encontro é quebrada com a chegada de Barbara O’Donnor, estrela de TV que deseja comprar os direitos autorais do livro para lançar um filme.

Com humor, a peça questiona os clichês sobre criatividade e reflete sobre os novos tempos, em que tudo já foi inventado e nada mais se cria. No debate, entram questões sobre direitos autorais, passando por temas como apropriação, plágio e adaptação.

A peça marca a estreia do dramaturgo Jô Bilac como diretor. No elenco, Xuxa Lopes, Maria Maya e Cássio Pandolfi.

 Popcorn – Qualquer Semelhança Não é Mera Coincidência.
Jô Bilac dirige Xuxa Lopes e Maria Maya
Theatro Net Rio - Sala Paulo Pontes
Rua Siqueira Campos, 143 - Copacabana
Tel.: (21) 2147-8060
Domingo às 21h; segunda às 20h
Espetáculo não recomendado para menores de 16 anos
Em cartaz até 24/09/2012

CRÍTICA PROFISSIONAL

Entrosamento hábil para uma trama complexa

O Teatro Ipanema auspiciosamente retoma, com “Popcorn — Qualquer semelhança não é mera coincidência”, seu papel de caloroso abrigo da jovem dramaturgia brasileira. O processo de criação na literatura e na dramaturgia para cinema é o foco desse texto, que investiga, em uma família de autores, questões como autoria, apropriação de ideias e a ética das adaptações, tudo habilmente entrosado em um complicado jogo de relacionamentos pessoais. O mais recente texto de Jô Bilac, que tem um diálogo fluente e brilhante, talvez deva seu primeiro título ao fato de pipocarem a todo momento desenvolvimentos inesperados, em uma gostosa série de cenas vividas por seis personagens, um deles ausente e pivô da maioria do incidentes cruciais da trama.
A ação vai e vem no tempo, e é construída por uma série de cenas compactas, cada uma acabando com algum tipo de suspense, numa tensão muito bem controlada pelo autor. A encenação é muito boa. O cenário de Nello Marrese é simples e eficiente, com mesa, cadeiras e bar dando o realismo desejado, mas com um fundo de tecido translúcido que permite maiores níveis de imaginação, e igualmente bons são os figurinos de Gabriela Campos. Boa a luz de Tiago Mantovani, adequada a trilha do autor, e relevante para o todo a direção de movimento de Viétia Zangrandi. A direção tem a dupla assinatura de Jô Bilac e Sandro Pamponet, e encontra bem o tom e o andamento exigidos pelo texto para construir o total da ação e seu significado.
No elenco, os dois homens, Cassio Pandolfi e Vinícius Arneiro, o segundo rendendo mais do que o primeiro, são dominados pelo trio feminino, Maria Maya, Mabel Cezar e Xuxa Lopes, que está todo bem, com certo destaque para a primeira. O importante é que os cinco estão exemplarmente entrosados, correspondendo sempre bem ao texto e à direção. “Popcorn” é um ótimo texto, muito bem servido pela encenação, e mais uma gratificante contribuição para a nova onda de dramaturgia brasileira.

Barbara Heliodora

Fonte: Rio Show
 
Postado por Daiane Rodrigues

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