Papo de Teatro - Entrevista na escola SP de teatro.

Olá galera, Maria deu uma entrevista com o "Papo de Teatro" faz alguns meses, só agora que encontrei, mas para quem gosta de teatro, é interessante.

Vejam a entrevista abaixo:

Maria Maya é atriz, nascida no Rio de Janeiro em 29 de junho de 1981.

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Quando pisei no palco pela primeira vez no espetáculo "A Menina e o Vento", de Maria Clara Machado, e logo após na faculdade de teatro.

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?
Fica difícil saber qual foi a primeira, provavelmente alguma da minha família. Nasci e fui criada nas coxias, com os musicais. Talvez "Blue Jeans", "Splish Splash" ou "As Noviças Rebeldes", este último acompanhei todas as temporadas, ensaios e elencos.

Qual foi a última montagem que você viu?
A última peça que vi foi “Fragmentos do Desejo”, da companhia franco-brasileira Dos a Deux.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.
Meu olhar começou a mudar quando assisti a "The Flash and Crash Days", do Gerald Thomas. Em níveis diferentes de tempo e emoção poderia citar também "O Livro de Jó", de Antonio Araujo, "Ensaio.Hamlet ", de Enrique Diaz, e "Avenida Dropsie", de Felipe Hirsh.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Tenho um padrinho sim, o ator Fernando Eiras. Ele me deu, não só meu nome artístico, como a minha Gualharufa.

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Nunca sairia no meio de um espetáculo. Teatro é imprevisível e estou sempre aberta para o jogo.

Teatro ou cinema? Por quê?
Todas as artes têm seu valor. Mas é claro que o teatro é a casa do ator.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê?
Gostaria muito de ter conhecido Cacilda Becker em “Esperando Godot”.

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?
Bem mais nova me lembro de ter assistido, pelo menos umas 10 vezes, a "A Dama da Noite", de Caio Fernando Abreu. Estava produzindo minha primeira peça e queria muito trabalhar com o diretor e ator do espetáculo. O Gilberto Gawronski. Deu certo. Fizemos um espetáculo lindo chamado "Do Outro Lado da Tarde", baseado em dois contos do Caio.

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.
Gosto muito dos dramaturgos contemporâneos cariocas como Jô Bilac, Daniela Pereira de Carvalho e Rodrigo Nogueira. Este último, autor do espetáculo que produzo e atuo: "Play – Sobre Sexo, Mentiras e Videotape". Fomos indicados como melhor texto ao Prêmio Shell e ao APTR e eleitos pelo Jornal O Globo como umas melhores peças de 2009 no Rio de Janeiro. Atualmente, estamos em viagem. Dos estrangeiros, gosto de Sarah Kane, Antony Neilson, Mark Havenhill e Mike Leigh.

Qual companhia brasileira você mais admira?
Seria um desrespeito citar uma apenas. Temos companhias muito importantes no Brasil, como Grupo Galpão, Cia. do Latão, Parlapatões, Os Satyros, Grupo Tapa, Oficina. Posso dizer que como pesquisa de linguagem sou encantada com o trabalho da Vertice Cia. de Teatro, da diretora Christiane Jatahy, e da Cia. Teatro Autônomo, do diretor Jefferson Miranda.

Existe um grupo ou companhia de teatro que você acompanhe todos os trabalhos?
Sim, a Cia. dos Atores, do Enrique Diaz, e quase todos do Armazém, do Paulo de Moraes.

Qual gênero teatral você mais aprecia?
Não tenho preferência de gêneros, gosto de teatro.

Qual lugar da plateia você costuma sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
Eu adoro quando tenho que sentar na cadeira extra. Teatro lotado faz bem para todos.

Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou?
Não tem melhor ou pior, mas diferentes. Posso dizer que fazer peça para 2.000 pessoas pode ser emocionante, como aconteceu com a "Loba de Rayban", no Festival de Curitiba, este ano.

Já assistiu a alguma peça documentada em vídeo? O que acha do formato?
Nunca tive esta oportunidade.

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?
Existem excessos, acredito. E todos nós podemos cometer equívocos. Temos que nos expor, tentar. Ir e fazer.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
Com Ariane Mnouchkine, no Théâtre du Soleil, ou com Peter Brook, em algum metrô de Paris.

Cite um cenário surpreendente.
Cenários de "Pessoas Invisíveis", do Paulo de Moraes.

Cite uma iluminação surpreendente.
A iluminação de Thomas Ribas para "O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo", de Jefferson Miranda.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Mateus Nachtergaele

O que não é teatro?
O que não faz parte do coletivo.
Que texto você foi ler depois de ter assistido a sua encenação?
De uma autora chamada Sarah Ruhl. Assisti um espetáculo com texto dela, dirigido pela Anne Bogart, em Nova York, chamava-se "The Men's Dead Cellphone". Saí do teatro e fui correndo comprar, não só o texto, como toda suas peças.
A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?
Teatro é o lugar do jogo, das apostas, dos riscos. Tudo cabe desde que seja razoavelmente justificado.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?
Cada vez podermos dialogar mais com estas novas mídias. Tivemos uma experiência interessante em Fortaleza com o “Play”. Via Twitcam, uma câmera do Twitter que grava em tempo real, apresentamos partes da peça pela coxia, o Brasil acompanhando ao vivo. Por conta disto tivemos duas sessões extras na cidade e um fã-clube (Aperte o Play) se formando pelo País.

O teatro é uma ação política? Por quê?
Não só político, mas social também, de formação de plateia.

Quando a estética se destaca mais do que o texto e os atores?
Não acho isso possível no teatro, mas sim na televisão.

Qual encenação lhe vem à memória agora? Alguma cena específica?
Depois de tantas respostas, as peças se misturam na minha cabeça, mas tive agora, uma lembrança teatral transformadora. Foi quando assisti a Denise Stoklos pela primeira vez. Foi uma experiência tardia, em um festival de teatro em Londrina, ela encenava "Desobediência Civil". Foi arrebatador.
Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?
Além de peças de Beckett, Tchecov, Pinter, Nelson Rodrigues, sou apaixonada por livros técnicos de teatro. Dos que tenho em minha biblioteca indico: "Shakespeare, A Invenção do Humano", “Teatro Pós-Dramático”, de Hans-Thies Lehmann e "The Viewpoints Book", de Anne Bogart.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
Atriz: Leona Cavalli
Ator: Fernando Eiras
Autor: Harold Pinter.
Diretor: Tadeuz Kantor

Qual o papel da sua vida?
O papel da minha vida é o que estou interpretando atualmente.
Fernanda Porto em "A Loba de Rayban", de Renato Borghi, direção de José Possi Netto, junto com Christiane Torloni e Leonardo Franco. Depois de cinco meses de sucesso em São Paulo, estreamos no Rio de Janeiro, no Teatro Carlos Gomes.

Fonte: Papo de Teatro

Postado por Daiane Rodrigues

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